quarta-feira, 7 de julho de 2010
Observatório espacial Planck faz o primeiro mapeamento do plano de fundo cósmico
Uma imagem de todo o céu. Parece exagero? Pois é o que o observatório espacial Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), acaba de produzir, pelo menos na visão com que foi concebida a missão.
Segundo a ESA, o mapa – resultado de um ano de imagens obtidas pelo Planck – fornece um novo olhar sobre como as estrelas e as galáxias se formam e amplia o conhecimento a respeito de como o Universo surgiu.
Essa é a primeira varredura de todo o plano de fundo cósmico feita pelo observatório que “enxerga” em microondas. Até o fim da missão, previsto para 2012, estão previstos mais três mapeamentos completos. O Planck foi lançado em maio de 2009.
“É para isso que o Planck foi projetado. Não estamos dando uma resposta, mas abrindo a porta para um Eldorado no qual cientistas podem buscar as pepitas de ouro que levarão a um conhecimento muito mais aprofundado de como o Universo se tornou o que é e como ele funciona atualmente”, disse David Southwood, diretor de exploração robótica e científica da ESA.
“A imagem que estamos divulgando agora tem uma qualidade notável e representa um tributo para os engenheiros que construíram e operam o Planck. Agora, é a hora de começar a colheita científica”, enfatizou.
Das partes mais próximas da Via Láctea aos mais distantes alcances do espaço e do tempo, a imagem do céu completo feita pelo observatório é, segundo Southwood, um tesouro extraordinário de dados para os astrônomos.
O disco principal da Via Láctea se estende no centro da imagem, envolto por correntes de poeira fria. Essa espécie de teia é onde novas estrelas estão sendo formadas e o Planck encontrou muitas áreas em que estrelas individuais estão prestes a nascer ou no início de suas existências.
As bordas ao alto e no rodapé da imagem mostram a radiação cósmica de fundo em microondas (RCFM). Trata-se da mais antiga luz no Universo, que representa os vestígios do Big Bang, há mais de 13 bilhões de anos.
Enquanto a Via Láctea exibe a aparência atual do Universo, essas microondas indicam como ele se parecia perto do momento de sua criação, antes de surgirem as galáxias e as estrelas. E é aí que está o cerne da missão Planck: ajudar a explicar o que ocorreu no Universo primordial a partir do estudo desse plano de fundo.
A RCFM cobre todo o céu, mas a maior parte – do ponto de vista da Terra – é escondida por conta da emissão de luz da Via Láctea. Por conta disso, os cientistas da missão vão remover digitalmente os dados da galáxia de modo a exibir o fundo de microondas na sua totalidade.
Quando isso estiver pronto, o Planck revelará a mais precisa imagem desse plano de fundo já obtida. A dúvida para os astrônomos é se os dados revelarão a assinatura cósmica do período primordial conhecido como inflação cósmica – conforme teorizado em 1981 pelo cosmologista norte-americano Alan Guth.
Segundo Guth, esse período teria ocorrido pouco após o Big Bang e resultado em um enorme crescimento exponencial do Universo em um espaço de tempo relativamente curto.
Mais informações: www.esa.int/planck
Fonte: Agência FAPESP
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